Segue abaixo mais um depoimento de uma vítima de abuso sexual sofrido na infância.
‘Depois que as lembranças vieram à tona, tive que vencer o pânico e a depressão’
Geisa Paulin-Curlee, 33 anos, veterinária
Geisa Paulin-Curlee, 33 anos, veterinária
Venho de uma família de trabalhadores rurais do Paraná e fui uma criança muito tímida e solitária. O primeiro abuso foi aos 5 anos: acordei sentindo meu irmão, 8 anos mais velho, mexendo nos meus genitais. Meu tio também me bolinava. Eu não reagia, pois não tinha capacidade para discernir. Com o tempo, passei a sentir culpa e vergonha. Foi assim até depois de adulta. Sempre, a cada toque, sentia meu corpo paralisado, era incapaz de me mover. Depois, eu entrava em um estado de confusão e desconforto emocional. Duas vezes, os abusos de ambos chegaram a relações sexuais, aos 21 anos e aos 25. Acho que um não sabia do outro. Meus pais nunca desconfiaram e nunca sofri ameaças para ficar calada, mas morria de medo que me castigassem e ignorava que aquilo era abuso sexual.
Só em 2001 essa situação mudou, pois fui estudar nos Estados Unidos. Lá, pela primeira vez, tive um namoro estável e me casei. Fui fazer um seminário sobre crescimento pessoal e as lembranças do passado vieram à tona. Só então vi que eu tinha sido vítima de abuso. Procurei um psicólogo e enfrentei um longo processo de depressão profunda e crises de pânico. Escrevi cartas ao Conselho de Medicina do Paraná denunciando meu tio, que é médico, mas desconsideraram por falta de provas. Meu irmão foi preso, mas por outro motivo. Mesmo sabendo que nada aconteceu com quem me fez tanto mal, quero muito me curar. Sei que mereço ser feliz.’
‘Senti nojo, ódio, repulsão, mas fiquei sem ação e ele continuou a me fazer carícias, me molestando de formas sedutoras’
Fonte: Revista Marie Claire
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